Actividade económica acelerou em 2024 e a inflação permaneceu elevada
O crescimento do PIB em Angola acelerou para 4,4% em 2024 após um desempenho relativamente fraco no ano anterior. Este foi o crescimento mais rápido registado no país desde o início da crise petrolífera em 2014. A actividade económica beneficiou de uma contribuição favorável tanto do sector petrolífero (2,8%) como do sector não petrolífero (5,0%), com o sector dos diamantes a ser responsável por quase um quarto do crescimento total do PIB registado no período. Entretanto, a inflação continuou a aumentar rapidamente, com a inflação anual a situar-se em 27,5% no final de 2024. Mais de metade da subida da inflação continuou a reflectir o maior custo dos alimentos e bebidas não-alcoólicas. Isso levou o banco central a manter uma política monetária restritiva ao longo do ano, com o objectivo de conter as pressões inflacionistas. O banco central aumentou a taxa BNA em duas reuniões (num total de 150 pontos base), atingindo os actuais 19,5%, o nível mais alto desde Dezembro de 2022.
Os bancos angolanos mantiveram um perfil de risco conservador
O total dos activos dos 19 bancos que divulgaram as suas contas de 2024 atingiu AKZ 22.810 mil milhões (US$ 25,0 mil milhões), representando um aumento de 4,1% face ao ano anterior. Esta evolução reflecte principalmente o aumento dos empréstimos a clientes, caixa e disponibilidades e outros activos, que representaram quase metade do total do activo total. Os dados do balanço também revelaram que o crédito líquido registou mais um forte aumento (18,1%), com os empréstimos em kwanzas (que representaram 84,3% do total do crédito) e em moeda estrangeira a crescerem 20,7% e 5,9%, respectivamente. Os depósitos registaram um aumento mais modesto de 1,9% (depois de um crescimento de 31,0% em 2023), uma vez que o aumento dos depósitos em moeda local mais do que compensou a queda dos depósitos em moeda estrangeira. Os depósitos continuaram a ser, de longe, a principal fonte de financiamento do sector, representando 89,1% do total do passivo. Os bancos angolanos mantiveram um apetite por risco reduzido, apesar do seu rácio de transformação (de depósitos em crédito) ter ultrapassado os 30% pela primeira vez desde 2018.
Crédito malparado voltou a crescer a um ritmo de dois dígitos
Os dados do balanço também revelaram um novo aumento de dois dígitos no montante total de crédito malparado (NPLs) dos 19 bancos. No entanto, os NPLs totais dos seis maiores bancos a operar em Angola (que representam cerca de 2/3 do sector) viram uma redução de -3,4%, graças às quedas acentuadas no BPC e no BMA. De salientar que o BIC continuou a ser responsável por cerca de 40% do total de NPLs do sector e o BMA por mais de 10% do total. Ainda assim, os nossos cálculos indicaram que o rácio total de NPLs dos 19 bancos recuou para 18,0%, face aos 18,8% em 2023.
Sólido desempenho operacional e menos provisões impulsionam resultados
O resultado líquido total dos 19 bancos registou uma nova melhoria significativa em 2024, graças a (1) um forte desempenho da resultado operacional (produto bancário menos custos), (2) uma redução acentuada nas imparidades de crédito e (3) uma reversão de provisões para outros activos em alguns dos maiores bancos. As receitas aumentaram de forma generalizada a um ritmo de dois dígitos, enquanto os custos cresceram a uma taxa inferior à da inflação. No total, o resultado líquido atingiu AKZ 872.194 milhões (US$ 956 milhões) no período, correspondendo a um ROE de 29,7% e a um ROA de 3,82%. Estes rácios comparam com 20,5% e 2,19%, respetivamente, em 2023. O sector bancário manteve-se bem capitalizado, tendo o BNA indicado que o rácio de solvabilidade total do sector se situou em 20,9% (vs. 26,3% em 2023).