O crescimento económico em Angola desacelerou acentuadamente em 2025, após ter acelerado para 4,4% em 2024. Estima-se que o PIB tenha crescido 2,3% em termos homólogos no primeiro semestre de 2025, impulsionado por um sector não petrolífero resiliente (+4,6%), que compensou a contração da produção petrolífera (–6,5%). A queda nos hidrocarbonetos reflecte o declínio natural de campos offshore maduros, a exploração limitada e paragens de produção relacionadas com manutenção. O sector não petrolífero (comércio, agricultura, pescas, transportes e comunicações) mantém-se como o principal motor do crescimento. Para 2026, o Governo prevê que o PIB cresça 4,2%, com uma recuperação modesta do sector petrolífero (+1,1%) e a continuação da expansão da actividade não petrolífera (+4,7%).
Prevê-se que a inflação anual abrande para 17,5% em 2025, face aos 27,5% registados em 2024, apesar do aumento do preço do gasóleo ao longo do ano. Os preços dos alimentos continuam a dominar as variações do IPC, mas têm exercido menos pressão. A inflação deverá diminuir ainda mais para 13,7% em 2026, apoiada por um kwanza estável e por uma política monetária restritiva.
O défice fiscal de 2025 é agora projectado em –3,3% do PIB, com um pequeno excedente primário de 0,7%, reflectindo preços do crude (67,5 USD/bbl) e produção (1,06 mbd) inferiores aos orçamentados, maiores transferências e reformas moderadas dos subsídios. A proposta do OGE para 2026 totaliza 33.217 mil milhões AKZ, com o objectivo de alcançar um défice de –2,8% do PIB e um excedente primário de 0,4%, prevendo receitas totais de 13,3% do PIB e despesas de 16,1%. As receitas fiscais petrolíferas deverão representar menos de 50% do total pela primeira vez, enquanto os impostos não petrolíferos e outras receitas ganham relevância. O serviço da dívida continua a dominar as despesas, mas a sua proporção no total está a cair gradualmente.
A dívida pública é projectada em 49,2% do PIB em 2025, abaixo dos 55,1% de 2024, com a dívida externa a representar cerca de 70% do total. Os rácios dívida/receitas estão a estabilizar (299% em 2025) e os pagamentos de juros como proporção das receitas estão a diminuir (23,7% em 2026), reflectindo a estabilização cambial, o crescimento económico favorável e a actualização da base das contas nacionais.
Espera-se que a oferta global de petróleo supere a procura em 2026, o que deverá manter os preços do crude sob pressão (Brent em cerca de 55 USD/bbl). Os riscos geopolíticos permanecem como o principal factor que poderá levar a uma subida do preço. A nossa análise de sensibilidade indica que, se os preços do petróleo atingirem 72 USD/bbl e a produção ficar 5% acima das projecções do OGE, as receitas poderão aumentar 14,1% face às estimativas actuais, reduzindo o défice para –0,9% do PIB. Em contrapartida, um preço de 50 USD/bbl e uma produção 5% abaixo das projecções poderão reduzir as receitas em 14,1%, agravando o défice para –4,7% do PIB.
As perspectivas de Angola reflectem uma mudança estrutural em direção à economia não petrolífera, uma consolidação das contas públicas moderada, a redução gradual da pressão do serviço da dívida e a contínua sensibilidade à volatilidade dos preços e da produção de crude. Assim, uma gestão eficaz das finanças públicas e a diversificação das fontes de receita permanecem essenciais para sustentar o crescimento do PIB e a estabilidade macroeconómica do país.